Estamos vivendo um momento histórico para o cinema nacional. Nosso filme está indicado a três categorias do Oscar, mas o verdadeiro peso disso não está no número de indicações — e sim na chance real de levar o prêmio mais importante da noite: Melhor Filme.
Entendo que, em teoria, o Oscar seja uma premiação "mundial". Na prática, porém, não é. Durante décadas, a máquina de propaganda americana nos fez acreditar que Hollywood representa o cinema universal, enquanto o cinema brasileiro seria algo menor. Isso nunca foi verdade.
Esses dias, vi um crítico — acho que foi o Philipe Leão — responder qual era o melhor filme "internacional" de 2025 para ele. Sua resposta? Jurado #2, um filme americano do Clint Eastwood. Aquilo me causou um desconforto: "Como assim 'internacional' se é um filme de Hollywood? Hahaha!"
Agora, temos um filme brasileiro concorrendo ao topo do Oscar. Será que isso fará o Brasil enxergar nossa própria indústria com outros olhos? Não estou aqui para dizer que Ainda Estou Aqui é o melhor filme nacional de todos os tempos — até porque o Oscar não premia necessariamente o "melhor", e sim campanhas de marketing, estratégias políticas e a expansão do domínio cultural de Hollywood(como vimos com Parasita e Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo).
Mas isso não importa. O que importa é que chegamos lá. E, mais do que isso, estamos mostrando ao brasileiro com síndrome de vira-lata que nosso cinema é nosso, nacional, e merece reconhecimento além do que sempre nos permitiram acreditar.
Então, amigo, aproveite este momento. Em 2025, invadimos e tomamos o cenário cinematográfico mundial. E não vai ser a última vez.